fcntl
— as chamadas de sistema fcntl
e ioctl
¶
Este módulo executa o controle de arquivos e de E/S em descritores de arquivos. É uma interface para as rotinas fcntl()
e ioctl()
do Unix. Veja as páginas de manual do Unix fcntl(2) e ioctl(2) para mais detalhes.
Disponibilidade: Unix, not WASI.
Todas as funções neste módulo recebem um descritor de arquivo fd como seu primeiro argumento. Este pode ser um descritor de arquivo inteiro, como retornado por sys.stdin.fileno()
, ou um objeto io.IOBase
, como o próprio sys.stdin
, que fornece um fileno()
que retorna um descritor de arquivo genuíno.
Alterado na versão 3.3: As operações neste módulo costumavam levantar um IOError
, mas agora levantam um OSError
.
Alterado na versão 3.8: O módulo fcntl
agora contém constantes F_ADD_SEALS
, F_GET_SEALS
e F_SEAL_*
para selar descritores de arquivo os.memfd_create()
.
Alterado na versão 3.9: No macOS, o módulo fcntl
expõe a constante F_GETPATH
, que obtém o caminho de um arquivo de um descritor de arquivo. No Linux(>=3.15), o módulo fcntl
expõe as constantes F_OFD_GETLK
, F_OFD_SETLK
e F_OFD_SETLKW
, que são usadas ao trabalhar com travas de descrição de arquivo aberto.
Alterado na versão 3.10: No Linux >= 2.6.11, o módulo fcntl
expõe as constantes F_GETPIPE_SZ
e F_SETPIPE_SZ
, que permitem verificar e modificar o tamanho de um encadeamento, respectivamente.
Alterado na versão 3.11: No FreeBSD, o módulo fcntl
expõe as constantes F_DUP2FD
e F_DUP2FD_CLOEXEC
, que permitem duplicar um descritor de arquivo, sendo que esta última define também o sinalizador FD_CLOEXEC
.
Alterado na versão 3.12: No Linux >= 4.5, o módulo fcntl
expõe as constantes FICLONE
e FICLONERANGE
, que permitem compartilhar alguns dados de um arquivo com outro arquivo por meio de reflinking em alguns sistemas de arquivos (por exemplo, btrfs, OCFS2 e XFS). Esse comportamento é comumente chamado de “copy-on-write”.
Alterado na versão 3.13: No Linux >= 2.6.32, o módulo fcntl
expõe as constantes F_GETOWN_EX
, F_SETOWN_EX
, F_OWNER_TID
, F_OWNER_PID
, F_OWNER_PGRP
, que permitem direcionar sinais de disponibilidade de E/S para uma thread, processo ou grupo de processos específico. No Linux >= 4.13, o módulo fcntl
expõe as constantes F_GET_RW_HINT
, F_SET_RW_HINT
, F_GET_FILE_RW_HINT
, F_SET_FILE_RW_HINT
e RWH_WRITE_LIFE_*
, que permitem informar o kernel sobre o tempo de vida relativo esperado de gravações em um determinado nó-i ou por meio de uma descrição de arquivo aberto específica. No Linux >= 5.1 e NetBSD, o módulo fcntl
expõe a constante F_SEAL_FUTURE_WRITE
para uso com as operações F_ADD_SEALS
e F_GET_SEALS
. No FreeBSD, o módulo fcntl
expõe as constantes F_READAHEAD
, F_ISUNIONSTACK
e F_KINFO
. No macOS e FreeBSD, o módulo fcntl
expõe a constante F_RDAHEAD
. No NetBSD e AIX, o módulo fcntl
expõe a constante F_CLOSEM
. No NetBSD, o módulo fcntl
expõe a constante F_MAXFD
. No macOS e no NetBSD, o módulo fcntl
expõe as constantes F_GETNOSIGPIPE
e F_SETNOSIGPIPE
.
Alterado na versão 3.14: No Linux >= 6.1, o módulo fcntl
expõe o F_DUPFD_QUERY
para consultar um descritor de arquivo apontando para o mesmo arquivo.
O módulo define as seguintes funções:
- fcntl.fcntl(fd, cmd, arg=0, /)¶
Executa a operação cmd no descritor de arquivo fd (objetos arquivo que fornecem um método
fileno()
também são aceitos). Os valores usados para cmd dependem do sistema operacional e estão disponíveis como constantes no módulofcntl
, usando os mesmos nomes usados nos arquivos de cabeçalho C relevantes. O argumento arg pode ser um valor inteiro, um objeto bytes ou similar ou uma string. O tipo e o tamanho de arg devem corresponder ao tipo e ao tamanho do argumento da operação, conforme especificado na documentação C relevante.Quando arg é um inteiro, a função retorna o valor de retorno inteiro da chamada C
fcntl()
.Quando o argumento é um objeto bytes ou similar, ele representa uma estrutura binária, por exemplo, criada por
struct.pack()
. Um valor de string é codificado em binário usando a codificação UTF-8. Os dados binários são copiados para um buffer cujo endereço é passado para a chamadafcntl()
em C. O valor de retorno após uma chamada bem-sucedida é o conteúdo do buffer, convertido em um objetobytes
. O comprimento do objeto retornado será igual ao comprimento do argumento arg. Este é limitado a 1024 bytes.Se a chamada a
fcntl()
falhar, um exceçãoOSError
é levantada.Nota
Se o tipo ou o tamanho de arg não corresponder ao tipo ou tamanho do argumento da operação (por exemplo, se um inteiro for passado quando um ponteiro for esperado, ou se as informações retornadas no buffer pelo sistema operacional forem maiores que 1024 bytes), é mais provável que isso resulte em uma violação de segmentação ou em uma corrupção de dados mais sutil.
Levanta um evento de auditoria
fcntl.fcntl
com os argumentosfd
,cmd
,arg
.Alterado na versão 3.14: Adicione suporte a objetos bytes ou similares arbitrários, não apenas
bytes
.
- fcntl.ioctl(fd, request, arg=0, mutate_flag=True, /)¶
Esta função é idêntica à função
fcntl()
, exceto que o tratamento de argumentos é ainda mais complicado.O parâmetro request é limitado a valores que cabem em 32 ou 64 bits, dependendo da plataforma. Constantes adicionais de interesse para uso como argumento request podem ser encontradas no módulo
termios
, com os mesmos nomes usados nos arquivos de cabeçalho C relevantes.O parâmetro arg pode ser um inteiro, um objeto bytes ou similar ou uma string. O tipo e o tamanho de arg devem corresponder ao tipo e ao tamanho do argumento da operação, conforme especificado na documentação C relevante.
Se arg não oferecer suporte à interface de buffer de leitura e escrita ou o mutate_flag for falso, o comportamento será o mesmo da função
fcntl()
.Se arg oferece suporte à interface de buffer de leitura e escrita (como
bytearray
) e mutate_flag for true (o padrão), o buffer será (na prática) passado para a chamada de sistema subjacenteioctl()
, o código de retorno desta última será passado de volta para o Python que fez a chamada, e o novo conteúdo do buffer refletirá a ação deioctl()
. Esta é uma pequena simplificação, pois se o buffer fornecido tiver menos de 1024 bytes, ele será primeiro copiado para um buffer estático de 1024 bytes, que será então passado paraioctl()
e copiado de volta para o buffer fornecido.Se a chamada a
ioctl()
falhar, uma exceçãoOSError
é levantada.Nota
Se o tipo ou o tamanho de arg não corresponder ao tipo ou tamanho do argumento da operação (por exemplo, se um inteiro for passado quando um ponteiro for esperado, ou se as informações retornadas no buffer pelo sistema operacional forem maiores que 1024 bytes ou o tamanho do objeto byte ou similar mutável é pequeno demais), é mais provável que isso resulte em uma violação de segmentação ou em uma corrupção de dados mais sutil.
Um exemplo:
>>> import array, fcntl, struct, termios, os >>> os.getpgrp() 13341 >>> struct.unpack('h', fcntl.ioctl(0, termios.TIOCGPGRP, " "))[0] 13341 >>> buf = array.array('h', [0]) >>> fcntl.ioctl(0, termios.TIOCGPGRP, buf, 1) 0 >>> buf array('h', [13341])
Levanta um evento de auditoria
fcntl.ioctl
com os argumentosfd
,request
,arg
.Alterado na versão 3.14: A GIL é sempre liberada durante uma chamada de sistema. Chamadas de sistema que falham com EINTR são repetidas automaticamente.
- fcntl.flock(fd, operation, /)¶
Executa a operação de trava operation no descritor de arquivo fd (objetos arquivo que fornecem um método
fileno()
também são aceitos). Consulte o manual do Unix flock(2) para obter detalhes. (Em alguns sistemas, esta função é emulada usandofcntl()
.)Se a chamada
flock()
falhar, uma exceçãoOSError
será levantada.Levanta um evento de auditoria
fcntl.flock
com os argumentosfd
eoperation
.
- fcntl.lockf(fd, cmd, len=0, start=0, whence=0, /)¶
Este é essencialmente um invólucro em torno das chamadas de trava
fcntl()
. fd é o descritor de arquivo (objetos arquivo que fornecem um métodofileno()
também são aceitos) do arquivo para travar ou destravar, e cmd é um dos seguintes valores:- fcntl.LOCK_UN¶
Libera uma trava existente.
- fcntl.LOCK_SH¶
Adquire uma trava compartilhada.
- fcntl.LOCK_EX¶
Adquire uma trava exclusiva.
- fcntl.LOCK_NB¶
Aplica OU (OR) bit a bit com qualquer uma das outras três constantes
LOCK_*
para tornar a solicitação não bloqueante.
Se
LOCK_NB
for usado e a trava não puder ser obtido, uma exceçãoOSError
será levantada e terá um atributo errno definido comoEACCES
ouEAGAIN
(dependendo do sistema operacional; para portabilidade, verifique ambos os valores). Em pelo menos alguns sistemas,LOCK_EX
só pode ser usado se o descritor de arquivo se referir a um arquivo aberto para escrita.len é o número de bytes para travar, start é o deslocamento de bytes em que a trava começa, em relação a whence, e whence é como em
io.IOBase.seek()
, especificamente:0
– relativo ao início do arquivo (os.SEEK_SET
)1
– relativo à posição atual do buffer (os.SEEK_CUR
)2
– relativo ao fim do arquivo (os.SEEK_END
)
O padrão para start é 0, o que significa iniciar no início do arquivo. O padrão para len é 0, o que significa travar no final do arquivo. O padrão para whence também é 0.
Levanta um evento de auditoria
fcntl.lockf
com os argumentosfd
,cmd
,len
,start
,whence
.
Exemplos (todos em um sistema compatível com SVR4):
import struct, fcntl, os
f = open(...)
rv = fcntl.fcntl(f, fcntl.F_SETFL, os.O_NDELAY)
lockdata = struct.pack('hhllhh', fcntl.F_WRLCK, 0, 0, 0, 0, 0)
rv = fcntl.fcntl(f, fcntl.F_SETLKW, lockdata)
Observe que, no primeiro exemplo, a variável de valor de retorno rv conterá um valor inteiro; no segundo exemplo, ela conterá um objeto bytes
. O layout da estrutura da variável lockdata depende do sistema — portanto, usar a chamada flock()
pode ser melhor.